"Queimar pó de café, casca de alho e raspa de chifres de veado afasta qualquer mal da sua casa, Felipe" Dona Cida
É com esta receita que começo este meu vamos dizer minha reflexão, sei que sou um pequeno aprendiz da Arte, mas desejo que alguém possa ler e dizer sua opinião, sua visão,sua reflexão.
Dona Cida era uma mulher já de idade, (mãe do marido da minha tia) que eu considerava muito da minha familia ela era a imagem ideal de uma sábia mulher, de uma curandeira de uma bruxa, até porque estes títulos ela não fazia questão mas ela sempre dizia pra min que eu era um menino de grande força e esperto...rs acredito eu que ela acertou mesmo rs ela tinha fama de boca santa tudo que ela falava acontecia,comum entre as videntes.
Finais de semana era o dia eu que ia passar o dia na casa dela e nisso sempre vinha pra casa com algum conhecimento, ela era uma mulher de grande fé com seu altar com santos, seu oléo bento de ervas, sua velinha acesa, seus terços tudo ali no altar e ficava admirado porque ela sempre teve fé nos santos, mas nunca deixou de acreditar no Diabo(acredite, ela sempre falava pra min que acender uma vela pra Deus, acenda 2 pro Diabo)....ela cuidava do seu jardim foi onde eu aprendi a reconhecer ervas como alecrim, hortelã, manjericão entre outras lembro que eu tinha 12 anos que ela falou " pra plantar arruda, você deve batizar porque ela é muito poderosa pra tudo afasta olho gordo, se você roubar um pé de arruda de alguém ela trará sorte", ela falava com suas plantas e isso me encantava, ela tinha remedio pra tudo que era mal do corpo nunca conheci outra mulher que manjava de remédio do que ela, fora minha mãe.
Ela tinha o francisco que era um gato branco bem velhinho que ele ia com ela pra cima e pra baixo e até hoje acredito que era o guardião dela( os famosos familiares), fora um papagaio, uma vez apareceu uma verruga no lado esquerdo do meu rosto ela me ensinou o seguinte " pegue o sal grosso e passe em forma de cruz em cima da verruga e jogue em cima de um jornal 3 vezes, queime o jornal falando que assim que o fogo queima o sal, que queime a verruga", depois de uns dias a verruga sumiu isso é pura magia, ela me ensinou rezas pra afastar mau olhado, pra trazer benção, reza ao acordar, ao deitar, rezas que se faz pro sol coisas que valorizei cada palavra, gesto, conhecimento que ela passou pra min.
Venho com esse pequeno trecho falar de uma coisa que muitos não presta atenção, muitos mesmo é sobre a Simplicidade da Arte, o que é isso?
Sabe aqueles homens e mulheres que não possui Nome, Título, Vaidade e sim CONHECIMENTO acerca da natureza, da vida, herança regional que conhecer as virtudes que esta por trás das pequenas coisas que se passa batido no seu caminho....entendeu, você conhece como nome de Benzedeira, curandeira ou até mesmo de sábia então essas pessoas que não sabe ler ou escrever falo das antigas, dos velhos, os que viram você nascer essas pessoas EU considero os verdadeiros anciões da Arte, sim a Arte dos conhecimentos que é passado de pessoa por pessoa, familia por familia, a arte das superstição, da feitiçaria antiga, das crenças que uma vez fazia parte de todos ( que hoje conhecemos como folclore), da arte que vem se perdendo o que se sabe hoje é resquicio do que um dia foi práticado com tanta fé, com tanto amor e com tanto conhecimento.
Esses tipos de pessoa sabe muito bem qual é a erva que se usa pra curar uma gripe, mas também a erva certa pra afastar olho gordo, um banho pra afastar o azar, essas mulheres que conhece os segredos femininos, do parto, da gravidez, do corpo da mulher, da erva que pode ser ingerida, da reza que pode fazer milagre, do ato que se pode fazer pra aliviar um coração partido ou homens que produz garrafadas pra curar todo tipo de mal, o benzimento certo pra curar o veneno de cobra, da oração pra espantar espirito, do encanto pra se desejado pelas mulheres,dos conhecimento acerca das pesca, da caça, da colheita essas pessoas que carrega dentro deles a sabedoria que um dia era comum.
Vem se perdendo ao passar dos anos, da modernidade, conhecimentos que se aprende no campo, na roça, no sertão, no barro, no chão, na simplicidade.
Como a Dona Cida, uma mulher sábia que conhecia ervas, as orações, a defumação pra espantar o mal, que tinha seu pequeno altar com seus santos e oléo bento, que conhecia antigas magias pra tudo essas sim eu bato palma e digo que são as verdadeiras Bruxas.
Hoje com tanta maneira de práticar a Arte, nunca houve uma certa...mas sempre houve a simplicidade, da tradição, do sábio ser o intermédio entre o fisico e o espiritual, o conselheiro, de manter a tradição oral ativa, de praticar a chamada Arte campestre, a arte da terra, dos ancestrais, do curandeiro, da Magia.
"Que a luz do conhecimento ancestral, nunca se apaga"
Felipe Cunha
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