Sobre a natureza das praticas e ofício das bruxas e feiticeiras no período colonial do Brasil.
A Bruxaria corria solto aqui no Brasil durante a sua colonização por Portugueses, onde no norte do Brasil ao sul o diabo era chamado para resolver os problemas, bruxas eram consultadas para adivinhar futuros amores e o comércio de filtros e sortilégios longe dos olhos dos religiosos fervorosos circulavam as margens da sociedade nos becos e nos escuros lugares para não ser vistos as pessoas com trato com a bruxa.
As praticas que circulavam aqui são de origens portuguesas em sua maioria, o povo degredados de lá acabaram sendo punidos para viverem na colônia portuguesa por aqui, entre os degredados acabaram vindo as bruxas; as brujas como são chamadas tinham umas práticas que até hoje foram herdadas pelas famílias de bruxas que mantém o ofício, junto no meio do povo escravo vieram caladas no navio, feiticeiras que conheciam muito
bem a arte das ervas e dos encantos, e entre os índios a magia.
Alguns escritores dedicam pára as pesquisas sobre a bruxaria e feitiçaria na história do Brasil desde a sua colonização até os dias de hoje, a religiosidade popular que é um fenômeno forte aqui no Brasil junto com o folclore que é algo que hoje em dia está perdendo a sua visibilidade dentro da cultura da bruxa nas terras brasileiras, posso citar Laura de Mello e Souza uma historiadora que em seu livro O Diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial, 1986, possui muitas pesquisas sobre a bruxa e sua arte e aqui eu quis mostrar um pouco sobre algumas das magias.
Muitas das coisas que faz parte da Feitiçaria Tradicional Brasileira venho lá das bruxas da época colonial que fabricava suas poções, seus filtros, seus encantos e ensinavam as rezas e encantamentos ,era algo muito presente na vida de uma bruxa ,sempre era procurada para resolver casos de amor, curar uma doença e até mesmo consultar o dom para ver sobre o futuro; Muitos eram os serviços prestados pelas bruxas, essas práticas vieram com as brujas portuguesas, com as feiticeiras negras mantidas como escravas e pela religiosidade indígena que era algo natural nessas terras.
São inúmeras práticas para descrever detalhado, mas falarei sobre algumas que hoje podemos ver sendo praticados por aqueles que realmente são brujas ou por algum momento foi atrás de uma mulher sábia e lhe pediu ajuda.
Foram muitas praticas aqui fabricadas, confeccionadas e realizadas entre elas o curanderismo que por um tempo foi considerado ato de bruxaria ( e até hoje), mas era uma ciência que estava entrelaçado com a mulher sábia ou com o homem astuto que conhecia o poder da planta, das raízes e das árvores e é algo que até hoje esta entre algumas vilas o curanderismo ou como o nome popular a medicina tradicional/folclórica como naquela época as coisas eram bem difíceis as bruxas tinham certos conhecimentos para curar males do corpo alinhando a medicina da bruxa branca, junto com a medicina da feiticeira negra e com a medicina indígena isso tornou o que temos hoje os curandeiros, os raizeiros, e os erveiros mas junto com a medicina popular, ocorreu a medicina mágica que é uma forma de curar o mal através de feitiços ; muitas vezes o curandeiro que geralmente eram os homens que entendia maneiras de feitiços para ajudar e sempre com a ajuda dele solucionava o problema do colono com as suas artes mágicas.
Outras práticas que rolava solto era as vendas de filtros amorosos, sortilégios para casar e encantos de atração ( conhecidas como Alcovitarias) tudo isso para as mulheres que iam correndo procurar a velha para fabricar seja um filtro ou o Sábio para lhe dá um amuleto de atração essas coisas eram uma das práticas que até hoje rola solta, as mulheres procurando feiticeiras e bruxas para ensinar uma reza para amolecer o coração do homem ou um banho de amor; algumas dessas receitas utilizava coisas como sêmem do homem, ou os pelos pubianos seja do homem ou da mulher, peças íntimas também eram usados, ervas e até mesmo restos de animais eram cozinhados na fabricação de filtros.
A prática de adivinhação era algo comum entre as pessoas que sem ser vistas iam consultar com as pessoas que tinham o dom, muitos motivos eram ditos como prever o presente e o futuro, descobrir o ladrão, saber onde está pessoa e desvendar eventos naturais e sobrenaturais; muitas vezes eram vistos em bacias de água com uma vela acesa no ambiente, ou a adivinhação através da peneira que também até hoje poucas pessoas conhecem a técnica de fazer, tem um caso registrado de um feiticeiro chamado Vicente de Minas Gerais que previa o futuro numa poça de água e usava um bastão para conjurar as visões e foi usado para descobrir o roubo de ouro, também uma pratica de adivinhação consistia ver através de uma garrafa com água colhida de uma tal forma ritualistica para realizar a magica, muitas vezes eram acompanhadas com conjuração de espíritos para auxiliar na vidência.
Carregar junto ao corpo as bolsas de mandinga era amuleto comum entre os negros, para proteger contra dor e outras coisas que sofria no dia a dia, as ervas, ossos, e rezas escritas faziam parte interno da bolsa, hoje conhecemos como patua famosas no norte do Brasil entre as feiticeiras de lá que de acordo com o problema de quem vai em busca soluciona através da fabricação de uma.
As cartas de tocar, elementos da feitiçaria portuguesa onde consistia objetos rabiscados geralmente cartas com símbolos mágicos e selos cabalísticos orações e rezas diabolicas tudo escrito que ao ser tocado por outra pessoa encantava ela com o desejo sexual, A Celestina de Rojas usava favas para facilitar mulheres a homens, bastando nelas gravar o nome das presas cobiçadas, depois de encostado o fetiche nas moças. Nas Visitações que fez o Santo Ofício no século XVI, se descobrem várias bruxas pois disso foram chamadas as acusadas de vender as tais “cartas” e divulgar outras magias eróticas. Em Minas, no século XVIII, certa Águeda é acusada de possuir um papel com algumas palavras e cruzes, “carta” esta que servia para as mulheres tocarem em homens desejados sexualmente. No Recife, certo Antonio Barreto era quem portava um papel com signo salmão e o credo às avessas, magia que servia para fechar o corpo e facilitar mulheres: “qualquer mulher que tocasse a sujeitaria a sua vontade”.
Nas bocas das bruxas, corria solto os esconjuros, encantos ditos e palavras rezadas o ato de rezar também foi dado as práticas feiticeiras naquela época, muitas orações que hoje faz parte da boca e saber popular do povo é herança e muitas dessas rezas proferidas serviam para enfeitiçar homens ou fazer uma mulher despir suas roupas, e sempre acompanhava com nomes do catolicismo como Santo Antonio, São Brás e Virgem Maria a Santissima Trindade também estava no meio. A Bruxa baiana chamada Nóbrega mandava rezar o seguinte oração.
"João eu te encanto e reencanto com o lenho de Vera cruz e com os najos filósofos que são trinta e seis e com o mouro encantador que tu não te apartes de mim e me digas quando souberes e me dês quando tiveres, e me ames mais do que todas as mulheres”.
Outra bruxa de nome Maria Joana do Pará tinha a seguinte oração para fins amorosos fazendo cruzes com os dedos enquanto profere as palavras.
“Fulano, com dois te vejo, com cinco te mando, com dez te amarro, o sangue te bebo, o coração te parto. Fulano, juro-te por esta cruz de Deus que tu andarás atrás de mim assim como a alma anda atrás da luz, que tu para baixo vires, em casa estares e vires por onde quer que estiveres, não poderás comer, nem beber, nem dormir, nem sossegar sem comigo vires estar e falar”
Podemos ver que a cultura da bruxa nessa época misturava elementos pagãos de suas terras com o cristão do meio que convivia, uma forma de religiosidade popular que pelos olhos de quem não era bruxa era algo herético , que por meio de denúncias e investigação levava ao tribunal da Santa Inquisição para Lisboa.
Podemos reencontrar essas praticas nos seios de familias bruxas que mantém a tradição forte, e nos meios rurais onde filhas de bruxas ainda vive realizando a arte de curar os doentes e a arte da feitiçaria para ajudar os inocentes.
Apenas citei algumas das praticas , ainda existe outras como o Fervedouro, Benzeção, os Malefícios e entre outros; a questão daqui é para mostrar que a Bruxa chegou no Brasil junto com o Homem Branco para explorar essas terras e junto trouxe o saber e o ofício com ela, diferente do que muitos do movimento moderno da bruxaria diz que a bruxa chegou no Brasil há 20 anos algo que fora do absurdo.
Fonte:
O Diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial, 1986 de Laura de Mello e Souza
Cain Mireen
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