top of page
  • Foto do escritorCain Mireen

Ars collecta, a arte da colheita das ervas.



Do Caminho da bruxa e do homem astuto, encontramos no Ofício Tradicional o trabalho através das plantas e todo o reino vegetal. O conhecimento acerca das plantas vem desde dos tempos antigos onde nossos ancestrais utilizavam o reino vegetal através do uso de unguentos, infusões e pomadas feitas com plantas, raízes e casca de árvores para a cura, das plantas alucinógenas para entrar em comunhão com o Diabo e com os espíritos, e das plantas do jardim para a criação de encantos e feitiços.


Ars Collecta é uma palavra de origem latim que significa Arte da Colheita na qual traduz os pequenos métodos antigos e mágicos das bruxas ou feiticeiros para a colheita de plantas dentro do meu trabalho, respeitando os poderes e os gênios correspondente ao corpo do Reino Vegetal. A colheita é mais que arrancar a planta do solo o Campo de Caim, o corpo vivo da planta é uma extensão dos poderes terrestres e da Serpente Vermelha que percorre abaixo dos pés do velho homem astuto, ao arrancar o corpo vegetal é dado os poderes do momento ali conjurado através de gestos e ações pertinentes ao espírito do mesmo.


The Herbal or Krauterbuch, de Adam Lonicer 1545

Os costumes da recolha de certos corpos vegetais, é cheia de tabu como abstinência de atividade sexual, álcool e a ingestão de carne animal o mesmo deve ser recolhido com pureza no coração e honestidade no espírito para a condição da atividade do Ofício Tradicional. A devoção e gestos de respeito é método antigo para a colheita do Corpo no Solo de Caim.

"Enquanto floresce em seu solo nativo, uma planta é cercada por espíritos que cuidam, protegem, se associam e habitam em seu domínio imediato. Além das virtudes do Gênio revelados através da Anatomia Fitomística, os poderes e mistérios de uma planta são múltiplos, compostos também por seu Anjo, seu Diabo, sua quintessência conforme ordenado pela Natureza e seus espíritos guardiões, que podem ser comparados às Noivas e Noivos."

Daniel Schulke - Viridarium Umbris: The Pleasure Garden of Shadow


Muitas das plantas devem ser retiradas do solo com as próprias mãos, assim evitando o uso de ferro no Campo de Caim, o mesmo possui certas plantas que devem ser evitadas de haver contato diretamente assim a bruxa ou o astuto tendo em mãos uma pequena faca de prata ou outro objeto cortante para realizar a colheita. Em pequenos corpos vegetais que encontramos no solo, o ato de arrancar com a mão destra trará as forças benéficas quando são usados em encantos de cura mágica ou outro ato que trará benefícios, quando é retirado com a mão canhota ela é potente para a arte do maleficium, o prejudicar, o causar danos. A mão da bruxa ou do homem sábio é uma extensão de sua pura vontade, a mão nua com a honestidade do espírito sábio trará as condições espirituais depositados no corpo verde da terra.


Plantas que possui certas regências dos fogos celestiais são retirados do solo, no momento propício da influência do fogo celestial muitos escritos modernos traz informações sobre os planetas e os dias que rege, os momentos diurnos ou noturnos trará muita influência no ato da colheita, planta que requer o uso em encantos que traz sucesso, brilho e fama deve ser colhido no dia de sol pela manhã de preferência que os raios solares atinge a planta ao ser retirado do solo; um corpo vegetal para causar morte no inimigo deve ser colhido na escuridão do dia de saturno o corpo celestial que rege a morte. São muito os aspectos que rege a planta, como diz nas palavras de Daniel A. Schulke "os poderes e mistérios de uma planta são múltiplos, compostos também por seu Anjo, seu Diabo..." assim deve ter em mente que toda planta seja ela que nasce na terra, no ar ou na água é composta por espíritos e forças invisíveis que traz a si uma particularidade para o uso nas atividade da arte mágica.


A lua possui uma forte regência no Trabalho Tradicional da bruxa com o Reino Vegetal, o mesmo traz a sua luz e guiará a bruxa pelo caminho torto através da floresta negra do Diabo, os poderes lunares é atribuídos aos poderes celestiais ou diabólicos. O jardim da feiticeira é rico em plantas, flores e raízes que são usados nos preparos de poções, filtros, unguentos e feitiços caseiros que requer o uso de um corpo vegetal. Quando a bruxa caminha em procissão ao lugar que encontra-se o Espirito Vegetal, é erguido as mãos aos céus e a lua é saudada com palavras de honra e fervor quando é encontrado a planta que será utilizado em sua obra. Como falei os poderes é dividido em poderes celestiais, quando a luz da lua brilha sob o vegetal é feito a coleta do mesmo, sendo com as mãos ou com uma pequena foice de prata que lembramos os atos heréticos de Caim, o Primeiro Agricultor da história.


"Em nome do Pai Bruxo, Caim

o Senhor da terra lavrada, do caminho torto e da morte

Arranco desde solo, essa planta que será usada em minha feitiçaria"


A lua cheia, a sua maré lunar traz para acima do solo os poderes serpentinos da seiva do corpo vegetal, que faz ligação com o sangue humano quando é usado nos mais poderosos feitiços de ligação, batismo e ressureição mágica dando vida ao corpo inconsciente. A seiva da planta, o sangue verde do espírito solidificado é usado nas suas mais variadas formas de batismo de algum amuleto, da fabricação de perfume ou unguento, da infusão ou de um veneno aconselhado pelo espírito. Todo tipo de flores é colhido quando a lua cheia é avistada no céu, acompanhado com preces mágicas, encantamento de colheitas ou ofertas para a planta que emprestará um pedaço de seu corpo podendo ser entregue aos pés uma mistura de leite, vinho e mel o Néctar da Vida.


A maré cheia lunar exerce uma forte influência para o sábio quando esse vai caminhando em pleno silêncio ao jardim para a recolha de suas flores e ervas para as atividades do ofício tradicional, a luz lunar em sua conjuração mágica traz para cima os poderes serpentino quando é entoado em voz alta ou murmurando palavras de poder para despertar o espirito tutelar do corpo verde. Muitas das flores que possui sob a regência da lua são colhidas debaixo desse corpo celestial em sua grandeza de luz a rosa branca (Rosa alba) uma das flores mais antiga do Campo de Caim aveludada e de bom cheiro ela é uma planta regida sob os poderes lunares o seu uso estende aos poderes venusianos aplicado em filtros amorosos e sexuais, mas também remete aos poderes ancestrais da feiticeira sendo usados para os ritos fúnebres que honra os mortos poderosos. Uma das plantas que possui um uso extenso dentro do meu corpus operacional mágico, ela é colhida quando a lua cheia é avistada no meio do céu, enquanto retiro suas flores cuidadosamente sem romper suas pétalas na qual é feito infusão na qual possui propriedades medicinais, mas também sendo usado depositando um cacho de rosa branca dentro de uma tigela de vidro contendo água de poço passando uma noite debaixo da lua branca cheia, ela absorverá os poderes espirituais lunares, antes que o sol levante deve pegar esse preparo e lavar os olhos ainda em jejum, esse simples receita abrirá a visão mágica e facilitará a leitura de oráculos e adivinhações.


Rosa alba


Mandrágora descrito em um tratado medieval.

Para os domínios da escuridão, as forças diabólicas da bruxa é feitos quando a lua é avistada pelos olhos mágicos da feiticeira. O mesmo é coberto pelo véu da Mãe Bruxa quando é hora de acender os fogos do Diabo e as colheitas de ervas venenosas, plantas que serão usadas nas artes de prejudicar, ou causar danos aos inimigos e até mesmo na fabricação de certos encantos negros ou unguentos para o Vôo para o Sabá são recolhidos quando a lua negra está no céu. Todo tipo de raízes é retirado do Campo de Caim, assim como a raiz de Mandrágora que possui seus métodos próprios para a tirada do solo sendo arrancado com uma corda circulando o pescoço de um cão preto e várias outras formas e métodos utilizados por velhos astutos.


"Mandrágora, reunido sozinho, mais geralmente nas horas escuras, a hora da meia-noite sendo preferida, ou então durante o dia em momentos em que o Sol é eclipsado pela sombra. Por alguns costumes mágicos é escavado com um cajado de marfim esculpido, por outros com a presa de um javali, outros ainda requerem a presença beligerante de uma lâmina de ferro. De longe, a maior tradição associada à sua colheita é o uso de um cão faminto, cansado do cheiro de carne, cuja morte pode resultar da ofensa da Raiz e seu grito de indignação. O mesmo Tabu, em menor grau, governa a colheita do Peônia. ” Viridanium Umbris: the Pleasure-Garden of Shadow, Daniel Schulke


O capim - cidreira (Cymbopogon citratus) que também é chamado por capim-santo ou capim-príncipe é uma das plantas que utilizo em minhas operações magicas, a sua infusão é dadas como calmante sendo muito utilizado pelos curandeiros para a tratamento de certos maus que aflige o corpo e espirito. Além disso o seu gênio desperta o poder da ilusão quando é colhido no momento propicio para a arte negra mágica seus poderes diabólicos é despertar a ilusão conforme o desejo do feiticeiro que manipule o espírito tutelar, colhendo com as mãos nuas ela é colhida e seca para usos futuros em forma de defumação para trabalhos para acalmar uma pessoa louca, perturbada e que esteja tendo alucinações esses são seus poderes celestiais. Ele mantém cobras afastadas e qualquer incomodo espiritual quando é plantado na frente da casa.


Das palavras que acompanha a coleta de plantas e outros corpos vegetais, é de extrema lealdade que seja dirigida palavras conforme o desejo que pulsa no coração do caminhante que deseja recolher a tal planta apara suas obras. São como palavras doces e sensuais quando deseja recolher as plantas e flores sob a regência de vênus o Fogo Celestiais que rege os casos amorosos, sexo, luxúria e prazer ou quando deseja murmurar palavras de fervor e glória para as mais poderosas e grandiosas plantas que estão sob a regência de júpiter o Fogo Celestial que rege as coisas grandiosas, autoridade, prosperidade e fortuna. Cada palavra dirigida ao anjo da planta ou ao demônio deve vim do coração do viajante que está em busca de um pacto com o espírito tutelar.


A horta medieval: colheita de cebolas. The Tacuinum sanitatis

Eu utilizo muitos encantamentos quando realizo a colheita de certas plantas, como cresci numa família católica o uso da fé católica e de seus elementos é vivo no meu trabalho feiticeiro ;


"Em nome de Deus pai, Deus espirito e Deus filho

abençoe essa erva"


Para alguns realizo esse quando recolho arruda


"Seja pela vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que essa erva da graça seja benéfica para o meu trabalho"


Orações como Pai nosso ou até mesmo Ave Maria são usadas como encantamentos para a colheitas de ervas para o meu trabalho, sendo ervas de proteção ou trabalhos de fabricação de amuletos mágicos para a segurança ou até mesmo para garrafas de bruxas acabo entoando o pai nosso através de minha voz mágica seguindo com gestos ensinados pelos mais velhos do oficio.


Gemma Gary em seu livro The Charmers' Psalter nos fornece algumas informações sobre a coleta de ervas mágicas ; O primeiro amuleto deve ser usado na reunião de qualquer erva para fins de cura mágica, pode também ser cantada durante a preparação de ervas substâncias curativas para aumentar sua eficácia.


“Saudação a ti, erva sagrada, crescendo no solo, tudo no Monte Calvário primeiro foi tu que eu encontraste. Tu és bom para muitas feridas, e cura muitas feridas; em nome de Santo Jesu! Eu te tiro do chão.”


O segundo deve ser falado ao reunir a erva pimpernel para uso contra bruxaria, e o terceiro é um feitiço de coleta para verbena


“Erva pimpernel que encontrei, crescendo no terreno de Cristo Jesus; o mesmo presente que o Senhor Jesus te deu, quando Ele derramou seu sangue na árvore. Levante-se, pimpernel e vá comigo, e Deus me abençoe, e tudo o que deve vestir-te. Amém”


“Tudo bem, tu erva sagrada, verbena, crescendo no chão; No Monte do Calvário lá foste encontrado; tu ajudas a muitas dores, e mais feridas muitas feridas. Em nome do doce Jesus, eu te tiro do chão. Ó Senhor, feito o mesmo que faço agora. No nome de Deus, no Monte das Oliveiras, primeiro te encontrei; no o nome de Jesus eu te puxo do chão.”


A arte da colheita, é um trabalho particular de cada bruxa respeitando as formas tradicionais e métodos folclóricos que são passados de praticante para praticante onde reunirá as mais potentes forças para realizar o desejo.


Viridanium Umbris: the Pleasure-Garden of Shadow

Daniel Schulke em seu livro Viridanium Umbris: the Pleasure-Garden of Shadow nos dá uma pequena lista de coleta de algumas ervas usadas pelos wortcunner, nos trabalhos com os vegetais e pelas bruxas verdes; com um pequeno detalhe da coleta e dos métodos tradicionais.


Lírio, a Flor da Terra e a Erva Sagrada de Calmena, que deve ser colhida em pureza com a mão nua, ou então com lâminas de prata ou ouro. O mesmo pode ser dito de Betônia, Pão de Aveia, Bardana, Violeta e Elecampana. Não apenas a lâmina de ferro deve estar ausente da presença desses mostos, mas também nenhum ferro ou aço deve ser usado pela pessoa.


Samambaia, que por boa tradição é colhido ao meio-dia ou à meia-noite.


Cárpino que deve ser pedido em oração silenciosa, esperando um sinal de afirmação, do contrário maldições perseguirão aqueles que desrespeitarem sua lei solene.


Cárpino

Gorse, cuja permissão para a colheita é solicitada por meio de oração fervorosa, então entrando em uma cerca viva com espinhos. Se os ramos se separarem diante daquele que deseja colher a planta, e sua carne não for perfurada, então o caminho para a colheita está aberto.


Verbena, que por costume é coletado quando nem o Sol nem a Lua são vistos no céu, e sempre com a Mão Esquerda. Mel e cera de abelha são seus sacrifícios preferidos.


Beladona, que deve ser convocada não só por canto, mas também por grandes lisonjas e elogios à sua Beleza, de modo que o Gênio seja seduzido. Por alguns costumes, a pessoa deve dançar nua diante da planta à meia-noite para ganhar seu favor. Todas as ofertas de natureza sexual, incluindo fornicação por motivo de moradia, estão de acordo com este costume.


Beladona

Flores da árvore Espinheiro-Branco

Espinheiro Branco como o Lírio, é amado pela Rainha da Terra e, como aquela flor, requer grande respeito na colheita. Por costume, sacrifícios orantes de seda e prata são feitos antes de tirar madeira, folhas, espinhos, flores ou frutos de uma árvore em meio a uma cerca viva de seus semelhantes; Os espinhos solitários não devem ser colhidos, mas adorados.


O visco, que idealmente foi solto ou arrancado de sua árvore de habitação por uma tempestade, é coletado com a maior reverência. Requerendo o trabalho de dois mais simples, um deve derrubar a árvore dos ramos, enquanto outro deve pegá-la em uma seda limpa dedicada especificamente a IXIAS, seu Gênio governante. Seguindo os ditames de certas tradições antigas, o visco é colhido no sexto dia da lua minguante, mas sua virtude é principalmente solar, ao invés de lunar, então a estação do Sol deve ser levada em consideração.


Língua de vibóra, que, quando recolhida para o trabalho de Curas, deve ser colhida no minguar da lua. O mesmo é verdade para raiz de Arctium.


Lírio de água, que deve ser depenado com as orelhas tapadas, para evitar as canções encantadoras das ninfas aquáticas e a morte por afogamento. Assim, ao se aproximar de lagos abandonados em busca das flores, uma moeda de prata deve ser dada às águas antes da coleta. Se a flor for usada para o trabalho do Feitiço do Amor, ela deve ser colhida na Lua Cheia.


Fonte:

Botânica Oculta – Paracelso

Enciclopédia das Ervas Mágicas do Cunningham por Scott Cunningham

Under the witching tree: a folk grimoire of tree lore and practicum – Corinne Boyer

The green mysteries: an occult herbarium - Daniel Schulke

Viridarium Umbris: The Pleasure Garden of Shadow - Daniel Schulke

The Charmers' Psalter - Gemma Gary




203 visualizações2 comentários

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page