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  • Foto do escritorCain Mireen

As Artes Bruxas das Irmãs Bizalhas, e as praticas coloniais de bruxaria.

A feitiçaria amorosa corria solta no Brasil Colonial, quando os degredados vieram viver para cá e trouxeram consigo os encantos, os ritos e as receitas para amor, sexo e atração e muito do que movimentava o comércio das bruxas eram as malditas receitas de magia amorosas essas que eram famosas entre as feiticeiras baianas como a Nobréga, ou a bruxa da ilha de São Sebastião que foi denunciada por "encantar" os homens aos desejos e a luxuria.


Quando comecei a resgatar as receitas coloniais de feitiçaria, as que foram registradas nos cadernos dos promotores da inquisição aqui no Brasil, houve as Visitações para verificar se tudo ocorria bem, as bruxas vindas da Europa não deixaram de praticar as suas artes diabólicas, sempre iniciando novato em seu ofício ou conjurando o diabo em forma de um pequeno mestre entre as praticas encontrei o caso das irmãs "As Bizalhas" o apelido das irmãs Antônia e Josefa da Incarnação naturais e moradoras de São Luís- MA, o caso é registrado no livro " A Inquisição no Maranhão" de Luiz Mott.


O escritor nos fornece algumas praticas diabólicas realizadas pelas irmãs que hoje não é praticadas, mas deveriam ser apresentadas no arsenal de feitiços e encantos de qualquer bruxa brasileira; o que temos hoje é uma pratica de bruxaria new age uma forma de hippie misturado com a geração era de aquário.


"Para seus feitiços, utilizavam certos pós vermelhos e pedacinhos de pedra d'ara, que eram colocados no cabeçal, nos sapatos ou na cabeça de quantas pretendiam cativar os amores, dizendo sempre as seguintes palavras " Minha pedra d'ara que no mar fostes achada e em Roma consagrada, assim como não há clérigo, nem padre, nem bispo ou arcebispo que diga missa sem ti, assim como Deus te quer a ti, assim me queira fulano a mn" " pág 49


Quando converso com alguns amigos sobre antigas praticas, acabo comentando sobre o uso da pedra d' ára e fico impressionado que muitos não conhece e nem sabe o que se trata, triste eu fico mas pergunto a min mesmo, o que essas pessoas ficam lendo sobre bruxaria ou praticam, a chamada forma popular de feitiçaria brasileira e não conhece o uso e os poderes da pedra d´ara essa que faz parte de inúmeros encantos de sacos mágicos. Hoje em dia não fico mais espantado que a grande massa de "bruxos" brasileiros não saibam sobre, mas fico feliz como as antigas praticas resistem ao tempo e permanece nos seios de práticas de bruxos e feiticeiras que aprenderam a olhar pra sua terra e interpretar a feitiçaria que aqui vive.


Outra pratica que reconheci entre as artes bruxas das irmãs era o cultivo de certas plantas mágicas;


" Além deste encanto, cultivavam no quintal de suas casas duas ervas ás quais atribuíam grande poder mágico: buliana e barbasco, tendo-as plantado com uma moeda de meio tostão na raiz, isto feito com todo segredo por ser considerado crime"


" Quando queriam que qualquer pessoa lhes fizesse festa, metiam algumas folhas das ditas plantas na prega da saia, pegando com uma mão na erva e a outra mão tocava castanholas como quem baila, dizendo - Assim buliana minha dama e barbasco teu companheiro, dá-me graça com este homem que me dê muito dinheiro! Barbasco macho é meu, a cada canto te encontro, dá-me graça com este homem que por min seja vasco e tonto"


"E quando as ervas secavam, faziam-nas em pó e botavam naquele que queriam seduzir, com as mesmas palavras.Tais plantas eram tratadas com todo respeito e carinho , pondo-lhe a mão em cima, faziam-lhe festa com o mesmo intento".


Aqui mostra o cultivo de certas plantas mágicas que são poderosos familiares de bruxas e feiticeiros em suas praticas, ter uma planta que confere poder é uma das praticas de ter um aliado; como eu cultivo artemísia como aliada familiar junto com ela dente de leão outra erva que possui um poder grande para feitiçaria visando a comunicação com os mortos e aos espíritos antigos isso faz com que eu interajo com o espirito da planta. O mesmo aconteceu com uma velha feiticeira que conheci a Dona Cida, ela tinha um pé de arruda chamado "Seu Francisco", ela dava bom dia, boa noite todos os dias e dava benção a ele toda sexta feira ela explicava para eu sobre os usos do Seu Francisco, até suas folhas eram usados em magias de amor, isso mostra a relação entre a bruxa e a planta.


Outro ritual que visava o amor era feito da seguinte forma:


"Cozendo um ovo, com a água lavavam a roupa da pessoa que se queiram amarrar, dizendo as seguintes palavra - Aqui te cozo, ovo, com o poder de meu corpo, para dar a Roldão e São Bibião, e meta aqui sua mão"


São Bibião era tido Lucífer o maioral sendo, já ouvi falar de nomes que o Diabo era chamado pelas feiticeiras brasileiras mas Bibião nunca e não encontrei nada respeito, mas a magia amorosa de usar um ovo cozinhado e lavar a roupa com ovo é uma das praticas incrível que já resgatei; o mesmo posso dá a seguinte pratica que faz menção a corda de bruxas mas utilizando o nó uma das formas de feitiçaria.


"Tendo um cordão na mão, e olhando para o céu, á primeira estrela que saía dizia: De um até dois, de dois até três, de três até quatro e assim até o nove, em cada vez dando um nó no atilho (cordão), diziam nove zembras, verdes plantadas no coração de quem queriam, para que ele não possa estar, nem restantar sem comigo vir falar e não conheça outra senão a min por sua amada e querida mulher..."


Essa pratica lembra fortemente sobre a magia da ligature uma magia que consiste em uma corda para causar impotência nos homens como consta no livro The Devil's Plantation de Nigel Pearson, mas aqui descrito ele é dada a pratica amorosa para casar.


Outras formas de bruxaria colonial era as chamadas adivinhações, ainda apresentadas no livro de Luiz Mott, ele nos fornece uma pratica;

"Fazia uma roda no chão, e no meio, uma cruz.Pegava então uma peneira de peneirar farinha de milho, e metia-se uma tesoura no arco da peneira com as duas pontas pregadas em cruz. Aí duas pessoas, cada uma com seu dedo no anel da tesoura da banda de baixo, diziam o seguinte: São Pedro e São Paulo, responde o outro: As portas de Santigao, Diz-me aqui (aquilo que se queira saber) e se isso é verdade, vira-me as costas"


Era uma das formas de adivinhação que podia ser suada para descobrir ladrão, encontrar objeto ou responder perguntas que sejam a resposta direta sim ou não, uma forma que mistura elemento católico com artes mágicas.Outra forma de adivinhação consiste o uso de um balaio como mostra nas seguintes palavras;


"... mandou vir um balaio e pondo-o no chão com a boca para baixo, atravessou-lhe o fundo um pau que segurou no fundo, e com uma tesoura espetada, disse: Por São Pedro e por São Paulo e pela Porta de Santiago, os homens andam perdidos ou estão tirando ouro? Essa formula foi suada por Antônio Fonseca com o objetivo de saber o paradeiro de certos exploradores que tinham partido a descobrir minas de ouro pela mata adentro."


Como podemos ver essas duas formas de adivinhação eram comum no período colonial, mostra que a mulher ou o homem sábio eram consultados para resolver problemas do dia a dia, a maioria dos casos que temos conhecimentos eram as magias para atrair o homem desejado que fazia uso de beberagem, cartas de tocar e orações diabólicas; adivinhação sempre usando elementos do dia a dia como balaio, tesoura, pão ou fogo, adivinhos também eram consultados como as cartas ou algum jogo adivinhatório mas também eram feitos as bolsas de mandingas um tipo de saco mágico que continha orações e ingredientes pertinentes ao ato mágico alcançado.


" Berrabás, Satanás e Diabo Coxo mais velho: entrego-me todos os meus poderes para me valerem contra os meus inimigos, pois antes de Cristo nascer, já tinham todos os poderes"


Assim era uma oração que continha dentro de uma bolsinha mágica trazida no pescoço por Antonio Brito Tavares.


Fonte:

A Inquisição no Maranhão por Luiz Mott




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