Para ser tornar uma bruxa tem que fazer um pacto com o Diabo para receber os poderes, assim é dito dentro do folclore das bruxas. Cain Mireen
O inicio do caminho da feitiçaria é marcado pela morte do corpo de barro para que o corpo iluminado possa alcançar os céus do conhecimento, assim é feito o processo da transformação do barro em ouro, o acender do sangue de fada, e a inflamação da marca de Caim na pele do homem sábio. Um dos pilares da bruxa é a comunicação com os espíritos de outros reinos, lugares e estradas; A manifestação desses encontros foram conhecidos como Sabá, o momento de Congresso Espiritual na qual o Velho de Chifres preside o que conhecemos de “O Sábado" esta noite marcada de ritos diabólicos, animalistas, selvagens, animalescos, poderosos e extáticos no Outro Mundo, mesmo que a bruxa realize o encontro em carne o Verdadeiro Sabá se faz em Espirito.
Ao decorrer dos anos, a bruxa sempre foi um trabalhador que opera em nome do Chifrudo esse que por muitos anos foi chamado de Diabo, não que seja o mesmo "Diabo" cristão, mas possui uma forte ligação com o mesmo, o mesmo Deus que honro em meus ritos sabáticos, que chamo em todas as noites de lua cheia, o que está no coração do labirinto que é a bruxaria.
Não há nada de errado em colocar as duas mãos entre a cabeça e o pé e dedicar tudo que está entre eles para o Diabo, nem dá voltas em torno da igreja à noite para conjurar o Velho para receber poderes, nem fazer o Rito do Sapo para ser uma bruxa, e nem chamar por Ele na encruzilhada se não nasceu com o sangue entre as veias. Como digo “Quem inicia o novato, é o Diabo".
Entre todas as manifestações espirituais de encontro com Ele, a primeira que marcou o inicio do meu caminho dentro da estrada da bruxaria é o encontro com o Homem de Preto, mas não é apenas o encontro e sim onde eu fui parar de corpo e alma; a Iniciação Espiritual é um marco de mistérios e simbolismos para quem desejou de coração seguir a estrada torta.
Quando é pra ser, vai ser assim são as palavras que descreve o encontro; muitas vezes somos levados para lá através de uma indução através da batida do tambor, de unguento, beberagens ou fumaça e até mesmo encantos que age sobre a manipulação do espirito para encontrar a estrada para o Campo da Cabra. Uma das manifestações que ocorre é chamado de "Sonho acordado", na qual o seu espirito é levado, mas seu corpo mantem no lugar e assim você presencia o Sabá de uma forma que está aqui, mas ao mesmo tempo está lá.
Assim aconteceu comigo próximo da meia noite, uma hora essencial para firmar pactos e acordos com os espíritos e o momento de conjurar o Velho quando a encruzilhada é aberta; estava eu deitado de barriga pra baixo na cama de casa vendo tv, isso eu tinha 11 anos não sabia o que estava acontecendo quando comecei a ver pessoas correndo na minha frente, pessoas nuas homens e mulheres correndo pra lá e pra cá uma visão aterradora pra uma criança de 11 anos. O pânico instalou no meu corpo, e comecei a gritar de medo e pavor, a minha cama era de canto da parede na qual segundo a minha mãe eu estava tendo "visão" (alucinação) de homens e mulheres nus correndo euforicamente na minha frente de um lado para o outro ao mesmo tempo eu ali na sala de casa; lá de longe eu enxerguei uma figura masculina alta, forte todo de preto portando uma roupa que hoje lembra um Mosqueteiro, com chapéu preto que cobria o rosto que continha detalhes prateados, botas negras e uma enorme capa que arrastava no chão ele tinha em sua mão esquerda uma pequena faca, o pânico sobre um homem todo de preto que queria me matar quando eu vi aquela faca em sua mão; sim essa era a sensação que o Homem de Preto vem para me matar, minha mãe tentando acalmar eu, mas eu chorava de medo querendo entrar pela parede para fugir desse homem, começava a gritar, chorar, bater a cabeça na parede pra tentar fugir Dele, mas eu cai no chão, o homem de preto aproximo de eu e apontou a faca na minha testa e depois logo em seguida abraçou-me, nesse momento tudo que eu sentia tinha sumido o medo, o pânico, a desordem, o desejo de fugir, a sensação de ser morta, a perseguição e tudo que eu senti depois era "estar completo", o abraço que apertava o meu espírito que de um jeito preencheu meu corpo de um "poder" não tendo uma palavra que expressa à sensação do momento.
"Era um lugar que assemelhava um campo bem aberto, do lado esquerdo ficava uma grande fogueira que era fonte de luz para o que aconteciam ali, homens e mulheres de muita tonalidade de pele corriam para todos os lados, era tipo de uma festa, mas eles estavam todos pelados estavam amostra os órgãos sexuais deles e de longe via para a minha direção um homem lato com chapéu preto que tinha detalhes, uma enorme capa toda negra, ele vestia todo de negro e ele tomava a posição de um Homem de Preto".
Logo que a visão desapareceu, minha mãe preparou um chá de melissa para acalmar e rezou junto à min o "Credo", mas ela não rezava do mesmo jeito que eu, ela murmurava bem baixinho e percebi que ela rezava o credo de baixo pra cima pra proteger. Lembro que depois de dois dias comecei a ouvir "Vozes", alguém chamando eu pelo nome e descobri que esse mesmo que chamava o meu nome venho a ser o que chamamos de "Espirito Familiar" que por juramento não posso dá o nome dele. A minha mediunidade aflorou nesse período, como ouvir vozes dos espíritos, a ter visão de coisas através do transe, a incorporação aflorou, o despertar da intuição, e o desejo de "buscar" pela sabedoria.
Aos meus 11 anos, após todo esse encontro com o Homem de Preto a minha buscar pela "sabedoria" foi algo que começou a inflamar em meu espírito, não era algo de passatempo e sim algo que eu queria de coração para a minha vida, o contato com os espíritos ficou fácil para eu, o conhecimento que adquiri com o espírito familiar eu colocava em prova para saber se era "verdade" o que estava acontecendo.
Em busca de conhecimento, e colocando em prática aquilo que aprendia e tudo isso parecia fácil para eu, o entendimento, a dedicação, e o resultado era a prova de que era o caminho certo e que tudo estava certo comigo. Entre minhas idas para a Biblioteca Municipal Monteiro Lobato da cidade de Osasco, eis que encontro uma coleção chamava de "As Ciências Proibidas" na qual em uma página falava sobre bruxas e a ligação com o diabo, na qual descrevia sobre o Homem de Preto que aparecia para as bruxas quando elas iam para as florestas realizar seus rituais de bruxaria e também fazia pacto com Ele, realmente nesse momento eu voltei a lembrar de tudo que tinha acontecido naquela noite da Visão. Depois disso busquei tudo que eu encontrava sobre inquisição de bruxas especialmente inquisição portuguesa e inglesas na qual descobri que alguns citava o homem de preto, fui buscar conhecimento sobre o Diabo em muitos caminhos que descreve ele, também sobre o sabá e tudo que tinha ligação.
Muito tempo depois que juntei o que aprendi que venho à consciência de quem a "Visão" foi à ida para o sabá que o lugar que acontece no Outro Mundo é chamado de Campo da Cabra, que os homens e mulheres nuas correndo eram parte de um rito, que a faca possui um proposito, tudo isso foi um Ato Iniciatico para adentrar no Caminho da Feitiçaria.
Eu era um adolescente diferente que gostava de ler sobre magia, ocultismo, história sobre bruxas, sobre ervas, sobre o Mundo dos espíritos e tudo isso fazia eu feliz. Aos meus 13 anos queria ter uma prova sobre o que era tudo isso, realizei um ritual na encruzilhada para colocar em "papel" o que eu era de verdade e obter uma respostar sobre tudo isso; tive minha resposta tendo a visita do Velho na manifestação de três sinais que pedi eis que tive aparição de um cachorro um enorme cachorro que apareceu do nada atrás de min assim que terminou o rito, o morcego que entrou em casa na mesma noite logo após eu entrar e a aparição dele quando fui levado para o campo da cabra.
Passei muito tempo calado, pois não queria comentar sobre isso com ninguém publicamente conversei com certas pessoas que praticava bruxaria e tive a confirmação da boca delas que era o próprio Homem de Preto, e sobre todos os mistérios sobre a visão. Hoje eu falo com todas as palavras e a pura certeza que aos meus 11 anos fui visitado pelo Diabo que hoje em dia ele é chamado por min e por muitos outros como "O Velho".
Comments