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Foto do escritorCain Mireen

A Mula-Sem-Cabeça



Muito forte entre os Antigos que moram nas cidades pequenas afastadas das grandes cidades a Mula-sem-cabeça aterroriza os visitantes, os moradores e os que temem fantasmas; o folclore que gira em torno desta criatura tem diferentes história nas diferentes regiões do Brasil.

A Mula-sem-cabeça é considerado por muitos como um fantasma de um mulher que foi amaldiçoada por Deus pelos seus pecados por fornicar com um padre dentro da igreja, e foi condenada a se transformar em uma mula sem cabeça que tem o fogo no lugar da cabeça, galopando nos campos desde o sol de quinta-feira até o nascer do sol da sexta-feira, assustando as pessoas e animais que enxergam ela de longe.Uma forma de identificar esta criatura é pelo som do relincho alto acompanhado de forte gemido, mas quem não garante que ver uma mula sem a cabeça tú não vai sair correndo de tanto medo.


É a forma que toma a concubina do sacerdote. Transforma-se em um forte animal, de identificação controvertida na tradição oral, e galopa, assombrando quem encontra. Lança chispas de fogo pelo buraco de sua cabeça. Suas patas são como calçadas com ferro. A violência do galope e a estridência do relincho são ouvidas ao longe. Às vezes soluça como uma criatura humana.



Existem várias explicações para a origem desta lenda, variando de região para região. Em alguns locais, contam que a mula-sem-cabeça surgiu no momento em que uma linda mulher namorou ou casou com um padre. Como castigo pelo pecado cometido, transforma-se neste ser monstruoso nas noite de quinta-feira (principalmente nas de Lua cheia).


Em outras regiões, contam que, se uma mulher perde a virgindade antes do casamento, pode se transformar em mula-sem-cabeça. Esta versão está muito ligada ao controle que as familias tradicionais buscavam ter sobre os relacionamentos amorosos, principalmente das filhas. Era uma forma de assustar as filhas, mantendo-as dentro dos padrões morais e comportamentais de séculos passados.


Existe ainda outra versão mais antiga e complexa da lenda. Esta, conta que num determinado reino, a rainha costuma ir secretamente ao cemitério no período da noite. O rei, numa determinada noite, resolveu segui-la para ver o que estava acontecendo. Ao chegar ao cemitério, deparou-se com a esposa comendo o cadáver de uma criança. Assustado, soltou um grito horrível. A rainha, ao perceber que o marido descobrira seu segredo, transformou-se numa mula-sem-cabeça e saiu galopando em direção à mata, nunca mais retornando para a corte.


O encanto desaparecerá quando alguém tiver a coragem de arrancar-lhe da cabeça o freio de ferro ou se alguém tirar uma gota de sangue com uma madeira não usada. Dizem-na sem cabeça, mas os relinchos são inevitáveis. Quando o freio lhe for retirado, reaparecerá despida, chorando arrependida, e não retomará a forma encantada enquanto o descobridor residir na mesma freguesia. A tradição comum é que esse castigo acompanha a manceba do padre durante o trato amoroso (J. Simões Lopes Neto, Daniel Gouveia, Manuel Ambrósio, etc.). Ou tenha punição depois de morta (Gustavo Barroso, O Sertão e o mundo).


A Mula-sem-cabeça corre sete freguesias em cada noite, e o processo para seu encantamento é idêntico ao do Lobisomem, assim como, em certas regiões do Brasil, para quebrar-lhe o encanto bastará fazer-lhe sangue, mesmo que seja com a ponta de um alfinete. Para evitar o bruxedo, deverá o amásio amaldiçoar a companheira, sete vezes, antes de celebrar a missa. Manuel Ambrósio cita o número de vezes indispensável, muitíssimo maior (Brasil Interior). Chamam-na também Burrinha de padre ou simplesmente Burrinha. A frase comum é "anda correndo uma burrinha".


E todos os sertanejos sabem do que se trata. Em um dos mais populares livros de exemplos na Idade Média, o Scala Celi, de Johanes Gobi Junior, há o episódio em que a hóstia desaparece das mãos do celebrante porque a concubina assiste à missa (Studies in the Scala Celi, de Minnie Luella Carter, dissertação para o doutorado de Filosofia na Universidade de Chicago, 1928). Gustavo Barroso supõe que a origem do mito provenha do uso privativo das mulas como animais de condução dos prelados, com registros no documentário do século XII .


A mula normalmente é marrom ou preta e costuma ter ferraduras de aço ou prata. Além disso, a cabeça da mula não é visível porque está envolvida em uma tocha de fogo, e por esse motivo é chamada de mula-sem-cabeça. Esse ser sobrenatural, saía galopando a alta velocidade, relinchando muito alto e percorria sete povoados, assustando todos os que atravessavam o seu caminho. A mula-sem-cabeça parecia ser atraída pelas unhas e dentes das pessoas. Por esse motivo, a lenda diz que para não ser atacado, é preciso se deitar no chão de bruços, escondendo os olhos, dentes e unhas.


Ainda hoje, de acordo com uma crença popular, pessoas afirmam que nas noites de quinta para sexta, especialmente quando ocorre a lua cheia, é possível avistar padres cavalgando sobre mulas-sem-cabeça.

A quem que jura com dois pés juntos que a Mula existe, eu simplesmente não julgo que não exista mas temo a sua aparição....


Fonte: CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 4º edição. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1972.


Bençãos e maldições da Mula do Padre.

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