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Foto do escritorCain Mireen

Solstício de Verão, tradições folclóricas e magia popular.

Solstício de Verão é o mais festejo de todas as Noites Espirituais, desde povos ancestrais com a adoração ao Sol e aos espíritos da natureza até os povos contemporâneos que mantem as tradições e cultos ainda em funcionamento. A arte de observar a natureza em momentos especiais é de grande união em sintonia com o espírito serpentino aquele que agita as forças telúricas e faz da terra brotar em grande poder e força mágica.

 



Em todas as Noites Espirituais o fogo ocupa o papel central seja através de uma chama pequena no solstício de inverno até uma grande fogueira no solstício de verão, sempre o fogo destacará e terá a sua importância nos cultos pré-cristãos. O fogo é a ligação espiritual da bruxa unificando ela com o Velho o Portador da Luz e o Outro Mundo a Morado do Fogo, pois o fogo é espiritual. A fogueira ocupa o centro da encruzilhada onde os homens e mulheres dançam em mãos dadas para honrar as dadivas desse elemento, o solstício de verão é a Noite de Adoração ao Fogo que através do Sol ilumina a natureza trazendo força e poder a todos, o Deus essencial para a nossa sobrevivência.

 


Diabo e a fogueira.

Muitos povos antigos fizeram ligação com as forças da natureza nesse momento e criaram os ritos que traziam poder, força para derrotar inimigos, um amor para satisfazer a carne, uma boa caça e boa pesca para a família, boa sorte para as batalhas e mantinham interação com os espíritos do Outro Mundo.

 

De todas as tradições do verão os mais populares que em muitos povos e terras realizavam eram o ato de pular fogueira ou passar entre duas fogueiras para a purificação da pessoa ou do gado; as fogueiras de Verão eram sagradas além de ser fonte de iluminação e calor ali também era o centro de todo o ritual da comunidade ou do clã, o saltar da fogueira evocava a purificação como um ato de coragem passar por cima de uma enorme fogueira ajudava a garantir força para a luta e boa sorte para o resto do ano, como nos países do norte o solstício de verão acontecia em junho na véspera de São João; Aqui no Brasil ele é festejado em Dezembro no final do ano cívico então todas s sortes de bênçãos e proteção, força e poder era garantido para o próximo ano. Passar entre duas fogueiras ou tochas eram antiga crença supersticiosa de proteger o gado, o pastor conduzia o gado para passar pela passagem o fogo agia como um elemento purificador, eliminando qualquer espirito maligno, feitiçaria negro e mau olhado, O fogo era proteção.

 

Amuleto de fogueira de verão
 
Pulámos três vezes sobre a velha fogueira.
Cada vez que saltávamos, as chamas ficavam mais altas.
Enquanto saltávamos sobre as línguas iluminadas da salamandra,
Gritamos a plenos pulmões:
“Queime o fogo mais forte, dance conosco, beije”!
Mostre-nos o seu favor que não perderemos.
“Queime o fogo por mais tempo, permaneça no céu,
Não se esconda e deixe o inverno chegar!
“Queime o fogo mais quente, queime nossos calcanhares,
Aquele verão deve durar até o equinócio!
A mancha dos nossos pés, a fumaça nos nossos cabelos,
A fuligem em nossas mãos, velho diabo, cuidado.
Não lave a fuligem nem a fumaça da sua pele,
Vá para a cama carregado com o cheiro dos parentes do espírito.
Durma com a cabeça aos pés da cama,
E nunca mais seu coração será enganado

 

 



“A Véspera de Verão (23 de junho), assim como a Véspera de Maio, a Véspera de Todos os Santos e a Véspera de Natal, foi uma das “noites espirituais” especiais do ano. Por esta razão, não só se acreditava que tanto as bruxas como as fadas eram extremamente poderosas neste dia, mas também podiam ser realizados ritos divinatórios para prever o futuro, especialmente se coincidisse com a lua cheia. No século XII, a Igreja condenou aqueles que praticavam feitiçaria (originalmente adivinhação por sorteio) na véspera de São João. Foi também um momento mágico para coletar ervas e plantas para serem usadas em amuletos e para fins medicinais. Como seria de esperar, era um bom momento para colher erva de São João para afastar os feitiços das bruxas maléficas e do mau-olhado. Esta planta também protegia casas e edifícios agrícolas de espíritos malignos e raios de tempestades de verão. As sementes de samambaia coletadas na véspera do solstício de verão eram usadas em adivinhação, e os sabugueiros colhidos nesse dia protegiam aqueles que os comiam da bruxaria, e alegava-se que até lhes davam poderes mágicos.”.
Liber Nox: A Traditional Witch’s Gramarye, Michael Howard, pg. 91


erva de São João

Uma erva que possui grandes poderes solares é a Erva de São João ela é colhida nos primeiros raios solares do solstício de verão e também na Véspera de São João. A magia popular finlandesa nos dá algumas praticas folclóricas do uso da erva. A erva de São João encanta todas as bruxas, se for colhida à meia-noite no dia santo do santo. Quaisquer demônios e bruxas não têm poder para prejudicar, Aqueles que colhem a planta para um encanto. Esfregue os lintéis e poste com aquela flor vermelha e suculenta. Nenhum trovão nem tempestade terão então o poder. Para ferir ou atrapalhar suas casas: e amarrar, em volta do pescoço, um amuleto de tipo semelhante.

 

Em todas as Noites Espirituais é dada abertura dos Portões para o Outro Mundo e a interação espiritual com os ancestrais e espíritos e de grande importância e significado ritualístico e visionário. Adivinhação é praticada nesses momentos assim como Michael Howard, na Noite de São João que aqui no Brasil é celebrado dia 24/06 são heranças dos ritos divinatórios que vieram junto com os europeus para nossa terra. São os mesmos ritos para prever o futuro amor, a boa sorte, ganhos de presentes e nomes secretos que são feitos na véspera do solstício de verão.



No livro Grimório de Arthur Gauntlet do século XVII escrito por David Rankine possui um feitiço para ser feito no solstício de Verão, eis aqui a versão do feitiço descrito no livro.

 

"Pegue a fruta Pedra di dura no dia de São João Batista ou na vigília de São Pedro ou no terceiro dia seguinte e queime-a e lance-o em um lugar secreto e depois do terceiro dia chegue lá e você encontrará tantos demônios quanto perto dele e você os verá e os amarrará dizendo o seguinte” Quando nosso Senhor desceu do céu para libertar as pessoas, em nome do mesmo Senhor eu conjuro vocês, espíritos que vocês faça tudo o que eu te ordeno e que você não faça mal a nenhuma criatura e para isso eu te ordeno + em nome do pai + e do filho + e do espirito santo + amém + Então peça ou mande-os fazer o que você deseja e eles realizarão."

 

“Três favas, previamente embebidas e torradas, eram colocadas debaixo do travesseiro durante a noite: uma com casca, outra sem casca e outra meio descascada. ao acordar, aquele que você pegar cegamente primeiro debaixo do travesseiro revelará seu destino: o primeiro significa que você será rico, o segundo que você será pobre e o terceiro que você lutará, mas sobreviverá.”

 

A seguir uma adivinhação descrita pela bruxa herbalista Corinne Boyer em seu livro Dream Divination Plants in Northwestern European Traditions:


“O uso do milefólio para adivinhação de sonhos pode ser entendido com informações adicionais. Havia a crença em muita proteção ao redor das plantas que floresciam ou eram consideradas em pleno vigor durante a época do solstício de verão, uma das épocas mais mágicas do ano para a colheita de ervas, especialmente para operações mágicas. Como o sol estava no ponto mais alto da luz do dia nas regiões do norte, essa energia solar foi transferida para as próprias plantas. E havia práticas de colocar folhas de mil-folhas sobre os olhos para conceder a segunda visão, desde as Híbridas. Como o milefólio era usado nos buquês de noiva em partes da Europa (embora algumas tradições afirmem que ele só encorajaria o amor por sete anos) e era usado para declarar o amor dos Fens, ele tinha associações com questões de amor em geral. Também era usado em outros tipos de adivinhações, como para descobrir ladrões e para questões de saúde. Finalmente, não podemos esquecer a sua importância no I-Cing chinês, um antigo sistema divinatório que utiliza hastes sem flores.”

 

As ervas principalmente as medicinais ganham uma fama de ser tornarem poderosas nesse dia de solstício de verão, o sol que nasce nesse dia ele chega ao seu pico mais alto e poderoso assemelhando o Rei dos Deuses, a sua luz que toca as ervas as consagra as tornam poderosas para criar seus feitiços e remédios. Uma colheita ritualística é feita momentos antes de o sol nascer, os primeiros raios solares que tocar a planta deve ser retirada de forma respeitosa e reverenciando o gênio vegetal da erva.

 

Outra adivinhação da véspera do solstício de verão envolve o carvalho sagrado (Quercus spp). Acreditava-se que havia flores que só desabrochavam na véspera do solstício de verão, e se uma donzela colocasse um pano branco sob o carvalho, pela manhã ela encontraria uma camada de pólen das flores desabrochando. Se ela colocasse uma pitada desse pó mágico debaixo do travesseiro, ela sonharia com seu verdadeiro amor. Isso lembra a semente mística de samambaia associada à véspera do solstício de verão. Certamente, esta foi uma véspera em que, na hora mágica da meia-noite, o mundano se tornou sobrenatural, mesmo que apenas por alguns momentos. O mesmo se aplica à contrapartida de inverno, véspera de Natal, à meia-noite. As plantas também eram conhecidas por florescer de forma incomum durante essa passagem intermediária. Um método que invocava tanto a planta quanto o poder dos mortos era uma jovem donzela colher mil-folhas (Achillea millefolium) do túmulo de um jovem na noite da véspera do solstício de verão e dormir com ele debaixo do travesseiro. Isso certamente traria sonhos proféticos sobre seu futuro marido. Um encanto bem conhecido do sul da Inglaterra a ser dito à colher as folhas dos milfolhas do cemitério: “Mil folhas, doce mil-folhas, o primeiro que encontrei; em nome de Jesus Cristo eu o arranco do chão; como Jesus amou a doce Maria e a tomou por sua querida; Então, em um sonho esta noite espero que meu verdadeiro amor apareça”. Um jovem poderia fazer o mesmo, colhendo o mil-folhas do túmulo de uma jovem, provavelmente com outro encantamento. A colheita deveria ser feita em estrito silêncio; uma regra mantida até a hora de se aposentar na véspera. Um buquê combinado para sonhar incluía mil-folhas, arruda (Ruta graveolens, planta conhecida em diferentes culturas por auxiliar na segunda visão) e flores de várias cores, amarradas pelos cabelos da cabeça da mulher que buscava o sonho. “Foi então borrifado com óleo de âmbar com a mão esquerda e amarrado na cabeça da mulher, enquanto ela dormia em lençóis limpos para receber seu sonho.”
Corinne Boyer - Dream Divination Plants in Northwestern European Traditions

 

Uma crença mágica que é difundida é a agua do poço ser potente no solstício de verão, lembramos que o dia do solstício de verão é um dia especial para todos os praticantes folclóricos de magia então utilizar aquilo que está na natureza para potencializar nossos encantos e remédios é útil para que o astuto possa saber a hora e o momento ideal para coleta dessa água. Todos os poços são sagrados, pois remete à água serpentina que brota no útero do escuro da terra, essa água é pura e abençoada para trabalhos de cura, amor, boa sorte e fabricar remédio e realmente no dia das Noites Espirituais especialmente no solstício de verão essa água são potencializados com a luz e calor do sol.

 

"O apogeu do verão - Solstício de Verão e Dia de São João Batista, foi, sem surpresa, também uma época em que se acreditava que as águas de alguns poços estavam mais potentes. À meia-noite da véspera de São João, dia 23 de Junho, acreditava-se na Irlanda que a água dos poços dedicados a São João Baptista iria ferver e, durante a primeira hora do dia de São João, estes poços tinham o poder de curar. qualquer doença."Wisht Waters, Gemma Gary, pg. 34

 

A colheita da água do poço se dá em três movimentos, ela deve ser coletada três vezes usando uma caneca, jarra ou uma concha. Lavar o rosto com água do poço pela manhã do solstício de verão é encanto para embelezar o jovem ou a jovem. Água do poço então pode separar em três tigelas a primeira coloque pétalas de rosas para ser usada como loção para lavar o rosto, a segunda pode ser usada para fins de descobrir o seu futuro e o terceiro é usado para fabricar um pão na qual quem comer será protegido de bruxaria, mau olhado e más intenções das pessoas.

 

Água então coletada do poço tem as suas finalidades, mas a água da chuva também é usada para fins de magias de boa sorte e proteção especialmente àquelas que são coletadas exatamente no dia que ocorre o solstício, mas em muitas regiões não é dado certeza da chuva, mas três dias antes ou três dias depois caso a chuva caia é possível sim ser utilizada para fins de magia.


Lago da Rural (UFRPE)

Que o Deus coroado de Chifres, abençoe a todos.

Cain Mireen

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